No século XV, uma nova bebida atraente tornou-se o grande assunto no momento no Oriente Próximo. Chamado em árabe de "qahwa", nós estamos falando do café, uma das bebidas mais consumidas no mundo inteiro. Naquela região, o grão já era utilizado há muito tempo, mas não como bebida.
Descobertas arqueológicas recentes de uma equipe franco-americana mostram uma antiga origem botânica para o café arábica no sudoeste da Etiópia. Porém, cerca de cinco séculos antes da popularidade do café como bebida quente, esse curioso ingrediente passou a figurar em livros árabes sobre medicina e botânica como um produto higienizante para as mãos.
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Muitos textos árabes medievais sobreviventes, que vão desde livros sobre botânica, dietética e perfumes, descrevem os usos do café a partir do século IX. Trazido do Iêmen, o grão era usado para fazer compostos aromáticos secos para mulheres. Acredita-se que o produto tenha sido trazido dessa região para os centros urbanos pela sua valorização como algo benéfico na medicina e pelo aroma agradável.
Porém, aconteceu algo com o café muito semelhante ao que alguns chás experimentaram na China. Em vez de beber por prazer, os médicos prescreveram-no para tratar dores de cabeça e ser aplicado para tratar inchaços relacionados ao calor. Textos do século X também afirmam que o café era usado para verificar os odores desagradáveis do suor e até mesmo para auxiliar na remoção de pelos durante o banho.
Esses mesmos textos mostram a primeira citação dizendo que o café possuía propriedades que alteravam a mente do ser humano, ou que "poderia afetar o intelecto", o que nada mais é do que um reflexo do impacto da cafeína.
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Para todos os usos possíveis para o café, os médicos consideravam o produto muito útil para lavar as mãos, dada a sua capacidade de absorver odores e secar a umidade. Em algumas receitas de preparações para a higienização das mãos, o café era usado junto a uma série de outros ingredientes, como cravo, cascas de frutas, canela e muito mais.
Então, como o grão se tornou um líquido bebível? De acordo com as lendas antigas, o primeiro a fazer isso teria sido o antigo Rei Salomão, que ordenou que seus servos trouxessem grãos de café do Iêmen para depois secá-los e transformá-los em uma bebida que poderia curar doenças. Depois disso, especulou-se que o líquido fora esquecido por diversos anos, até ser redescoberto pelos sufis — membros de uma corrente mística e contemplativa do Islamismo.
Quanto ao café como produto de limpeza das mãos, parece que a difusão de sabonetes coloridos e perfumados de boa qualidade acabou com a sua popularidade. À medida que as receitas foram desaparecendo, esse modo de utilização nunca mais foi visto pelos cantos. Com isso, o café abandou a prateleira de higiene para se tornar a tão famosa bebida energética que temos hoje.
